sábado, 28 de novembro de 2009

Carolina

Onde está Carolina?
Pelas ruas não mais vejo,
teu sorriso de menina.

Carolina desapareceu,
em meu peito ainda vive,
já não sei se faleceu.

Carolina vivia triste,
da tristeza de uma vida,
e sempre nela via chiste.

Exalava poesia,
Carolina era rima,
Era noite e melancolia.

Foi para não voltar,
Carolina então se foi,
foi por não mais amar.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Soneto da alvorada

Ó alvorada tão veemente,
que em mim desperta cândido suspiro,
embai dissimulado júbilo,
despoja meu olhar à levogiro.

Com métrica branca se revela,
em ilusão de melancolia,
seu despertar em mim desperta,
incoercível melodia.

Teu dossel tão vivaz,
faz espargir profundo deleite,
de tal reles ananás.

Me perdi em teu corisco,
irascível, inconfundível,
que não entra em meu aprisco.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nobilíssimo

Impetuoso oligarca,
com aurora de fidalgo,
ostenta em si a petulância,
de tão pomposa ignorância.

Banhado a ouro,
remoído esterco.
Almeja o fosco,
de tal lamento.

Afável olhar,
alma viril,
pulsa repulsa,
sempre hostil.

domingo, 8 de novembro de 2009

Imputação

Que culpa tenho eu...
De gostar desenfreado,
de perder-me ao seu lado
e ter um peito enamorado?

Que culpa tenho eu...
Se lembro a todo instante,
se me vejo em devaneios,
e pulsar tão abrasante.

Que culpa tenho eu...
Se a distância é dolorida,
me corrói até urgir,
só você em minha vida.

Agora não há culpa,
não há pesar, não há razão.
De tão brando sentimento,
não há sofrer e nem perdão.



quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Qualquer

Cada dia que vivo,
eu morro sem viver.
Cada dia que morro,
eu faleço sem saber.
Cada dia que sei,
não sei nem esquecer.