terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Euzébio

Meu nome é Euzébio,
Euzébio de Queiroz.
Dessa terra mulata,
terra pátria, terra parda.
Sou a lei que pouco se cumpriu,
sou mais uma tentativa do Brasil.
Sou a força de um povo,
sou o povo.
Meu nome é Euzébio
que poderia ser da Silva,
mas sou Euzébio, só na vida.

Domingo

Minha mãe via dilúvio,

eu dizia garoa.

Era uma tarde que parecia domingo e fresca

com agasalho.

Pois bem, transformá-la-ei

em domingo.

Brindava 15 anos, todavia, dizia que iria

completar 18 em breve,

na intenção de, quem sabe, sentir-me

mais mulher.

E, ah, os 18 anos é uma boa idade sem rugas

na face e uma falsa maturidade.

Mas, voltemos ao início.

O que as pessoas esperam de uma

chuva de domingo?

Geralmente esperam o sono.

Era isso que minha mãe fazia

em todos os domingos da semana:

Domingos de segunda, de terça,

de quarta, ..., e nos raros domingos de sexta.

E com certeza digo; o ócio é o pior veneno.

Para vencê-lo deve-se possuir uma vontade

tremenda ou um motivo que lhe soe mais

prazeroso no momento.

Como eu e a minha mãe quase não possuíamos,

estas tais tardes de domingo eram resumidas

em devaneios.

Minha mãe os fazia de olhos bem cerrados e

eu acordada e dissimulada.

Perdurava.

O que torna uma pessoa com sorte?

Deveras não é apenas a sua capacidade de analisar as variantes do universo, vai muito além disso. Confesso que já tentei calcular um jeito de ter sorte, mas calcular é algo muito teórico para ser posto em prática. No mundo existem alguns tipos de pessoas, alguns muitos; e esses muitos seguem padrões. Têm aqueles que têm sorte, o tipo número um que eu criativamente chamei de sortudos; Também há aquele ser desprovido de qualquer colaboração universal, conhecido por azarados; Já o último modelo desta série é denominado de isento, sim, eles apenas sofrem reações de constantes acontecimentos terrestres, não sei afirmar se este é apenas teórico, contudo ficaria muito drástica esta investigação sem a existência deles.

Certo dia afirmou certo matemático: “Quando o ser humano puder calcular todas as probabilidades de acontecimentos em sua vida ele será capaz de prever o futuro”, ou foi algo parecido. Mais uma vez esbarramos na fronteira do teórico e do aplicável. Imagine: Uma pessoa calcula, por exemplo, a probabilidade de encontrar o amor de sua vida na padaria. Poderia dar certo, contudo, apenas se o amor da sua vida calculasse isso no mesmo dia que esta pessoa. E claro, se o motorista do ônibus, que um deles iria pegar para ir á padaria, calculasse não fazer o veículo capotar. Seriam vários destinos calculados, mas como saber que eles iriam se cruzar e não apenas ser anseios vagos no cosmo? De acordo com uma das definições do dicionário, sorte é: “1. Combinação de circunstâncias ou de acontecimentos que influem de um modo inelutável”.

Ter sorte é como ter sido apadrinhado pelo destino, não é algo que se adquira conforme o tempo ou que seja calculado. Uma pessoa pode apenas deixar de ser vulnerável às desventuras de sua vida, usando de esperteza e alguns cálculos mentais. Todavia, este negócio de sorte e azar pode se tratar de estados psicológicos subjetivos. Assim, bastaria canalizar a energia do pensamento positivamente e uma pessoa azarada tornar-se-ia sortuda. É algo a ser desenvolvido desde pequeno ou a ser aceitado desde pequeno.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Para um homem chamado José.

Pare Zé, pare de
pensar tanta besteira.
Essas coisas que rodeiam
são apenas para rodear.
Olhe para a janela, Zé,
o que você vê?
Essas coisas que rodeiam
são apenas pra impressionar.
Colocar algo na cabeça é fácil,
colocar qualquer coisa.
Então Zé, o que me diz?
Dê um dizer sem palavras,
para então roubar as minhas
e somar cem;
sem palavras.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Incoerente

Lembro daquele momento em

que se fez Sol e se escondeu,

cachoeira parou de aguar,

O rio parou de correr

E eu parei de cantar.

Por quê?

O céu se fechou

então

A chuva caiu,

desfez

A sua canção.

Como se o tempo

tomasse essa dor.

Como se o vento

levasse o calor,

em meio o verão

fora da estação,

secando o mundo

e o meu coração.

Eruditos do povo

Artista é um bicho estranho
Orgulhoso e mal amado
Artista é um ser humano
que se julga rejeitado.
Critica a sociedade exigindo
seus direitos.
Mesmo que ser humano para
eles pareça algo inaceitável.
Existem dois caminhos:
Erudito e popular.
Todo artista diz que é
as duas coisas,
pode em mim acreditar.