quinta-feira, 22 de março de 2012

Descompasso

Quero um amparo.
para os dias que passam sem dor,
já tão raros.
Acalentando o meu desamparo,
abrandando o meu desespero!,
que a brisa murmura
em alegrias de amor distorcidas.
Nessas noites com cheiro amaro
teu perfume insolúvel suspiro.
Sem você ao meu lado, eu me
apego e me pego nos restos,
que guardei de você, eu confesso.
Parecido com a flor de setembro,
escondida em um livro e sem cheiro.
Vindo desse romance, descaso,
me perdendo em seu descompasso.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Matuto

Matuto,
eu quero um som da terra.
Quero um batuque raiz,
nada branco nem gris.

Quero o gingado da morena,
nada de frio, só o verão e
o rebolado de Açucena.

Tudo bem fácil de falar,
um som bem mulato.
Não quero choro, só festejar.

Matuto.

sábado, 17 de março de 2012

Ondas de azar

Nenhuma palavra feia era suficiente
para descrever tal onda de azar.
A sorte nunca se manisfestara, mas
maldade do destino assim nunca havia
se visto.
Nada dava certo, nenhum plano era
executado.
Tudo terminava antes mesmo de começar.
''Tome um banho de descarrego''
Disse o umbandista.
Todas as religiões prometiam a cura
dos sonhos que se quebram.
Mas se deus o quisesse o contrario
já teria feito.
Era tempo de espelhos quebrados.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Palavras polidas

Não sou digna de amor ou apreço,
não tenho talento nem vocação.
Meu sorriso é um tanto falso,
e a tristeza em mim bate de supetão.
Não tenho um corpo bonito,
não tenho força para falar,
e, mesmo com as palavras polidas,
não faço nada além de cantar.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Marteladas incoerentes iam.
Era um prego teimoso e torto.
Quebrava, rangia, entortava,
batia.
Só não ficava no lugar, doía
na madeira, lascava-se aos
poucos.
Nenhuma onomatopeia era capaz
de descrever tamanha teimosia
descabida.
O lugar do prego não era ali,
não era cá.
Mas a culpa era do martelo,
com o seu mal habito de
enterrar as coisas.
Desajuízado e confuso, começa
o seu trabalho sem nem verificar
se era um parafuso.
Ecoava o prego o choro de
madeira.
O martelo só fincava, em vão,
Colecionador de Prêmios...
Colecionador de Prêmios...
Você as tem em sua memória,
você as tem em suas contas,
poemas e paredes.
Colecionador de Prêmios,
você me tem em seus braços,
deitada em seu peito,
Você me tem fácil.
Colecionador de Prêmios...
Colecionador de Prêmios...
Quanto tempo
até que eu também,
Me torne Troféu?

Por: Ruivão Barão da Parnaíba, vulgo Laura M. Toledo.