quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ácido

Ele está virando veneno,
cada dia mais.
No começo da amizade era
apenas senso crítico e
uma leve arrogância;
agora ele escorre de todos
os modos a acides contida.
A amizade já é por obrigação,
o respeito é por cautela e
o afeto é escasso.
Ninguém continuaria assim,
todavia se mantem por interesse.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Inércia mental

Nada acontece na minha mente.
A música não sai mais,
a música não entra mais.
A distração é constante
e nada disso provem de paixão.
Pensei que era depressão,
não era.
Pensei que era fome
e pensei que era insônia.
Contudo a ideia fixa é
a presença do tédio.
As palavras custam a sair
quando se vê televisão.
O corpo não consegue
tirar-se da inércia do sofá
e dormir é quase inevitável.
O poema vai calejado e o
cérebro um poco reconfortado.

domingo, 17 de julho de 2011

Ensaio sobre o casamento

O desencadeamento desse ensaio fora gerado pelo ressente casamento de uma colega. A jovem ainda iniciava-se na vida adulta, na realidade o que a iniciou fora o casamento. Ela morava em uma cidade do interior e participava de uma igreja, ela e seu namorado. Quando passara no vestibular veio para capital em prol de prosseguir com os estudos, veio sozinha e com uma promessa feita; foi aí que eu conheci a garota. Os meses iam passando e nada da minha colega mostrar-se ansiosa com o casamento, na realidade as provas de percepção musical lhe causavam maior nervosismo do que o aproximar da sua data conjugal. Fora uma coisa que a maioria das pessoas não conseguia entender, esse comportamento acarretava dois pensamentos distintos: o primeiro era que a jovem não amava o noivo e pouco importava o dia, o segundo era que ela já estava tão acostumada com a ideia que não lhe causava insônia. A data chegou, casou-se. Tão jovem, tão acostumada, tão sorridente. O sorriso era involuntário, na verdade era uma risada, parecia que ela ria da situação, não estava entendendo muito bem o motivo da festa. No dia seguinte todos só conseguiam pensa nisto e que a menina religiosa teria perdido a virgindade na noite de núpcias. Isso tudo me fez pensar, como o casamento acontece? Como as pessoas escolhem outras para dividir suas coisas, tristezas e toalhas? E o principal, qual o motivo do casamento? Não é mal dos tempos de hoje, todavia não acredito no amor, esse amor que nos é feito engolir quando crianças, mesmo eu adorando historias românticas. Se não é o amor, qual a razão disso? O que as pessoas levam em conta para decidir que aquela é a pessoa com quem ela vai se casar? No caso dos religiosos é mais fácil, os pais escolhem, o filho aceita e espera amar um dia o cônjuge. E as pessoas normais, sem religiosidade? Qual a sensação de estar casando? Eu jurei a mim mesma que nunca iria descobrir isso, não sou muito fã de ver a mesma pessoa com uma intimidade tão grande assim ao ponto de ao vê-la usando o banheiro juntamente comigo. Entretanto, alguns fatores de praticidade fizeram-me repensar isto. Fora o seguinte: estabilidade. De forma alguma a estabilidade era algo essencial para mim, tanto que música é o meu curso, contudo ter uma base financeira oferece mais segurança para viver. Saber que tem alguém ali preparado para quando você for despedido, isso deve fazer um bem que só. O casamento é uma sociedade empresarial com direito a sexo e demonstrações de afeto que não me agradam. Você deve beijar a pessoa mesmo que ela não tenha escovado os dentes, isto é algo intolerável para mim, eu mal posso com a minha intimidade. Posso entender perfeitamente a teoria das cordas e acordes napolitanos, contudo o casamento é um dos maiores mistérios da humanidade que eu anseio desvendar; sem casar.