domingo, 25 de dezembro de 2011
Para envolver o pescoço.
o homem que me deu ilusão.
Aquela ilusão doce de apaixonado,
com beijo e andar de mãos.
Nosso jazz era um tango, cheio
de fugas e mentiras.
Dei aquele colar como uma chave,
chave das minhas agonias.
Cotidiano ambivalente
de tentar gostar de você.
Com a mesma frequência eu
entrego o meu coração.
Todo dia você me agoniza
e me sufoca.
Sufoca com falta de noticia
e por me abraçar forte.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Desemprego pessoal
Tenho dom para estragar as coisas,
as melhores coisas.
Quando o mundo assusta não
é difícil fugir.
Dos amores que estraguei, o que
me entristece foi aquele Pimentel.
Nas outras coisas sou acomodada,
finjo à mim que faço o meu melhor.
O que eu fiz com isso tudo?
Pareço ser indigna ao meu cargo,
meu cargo de pessoa.
Ser matéria e pensamento
custa para quem filosofa.
Não vivo, não sou humana.
Eu acabo quando as coisas começam,
eu nunca existi.
Verão
anuncia falsa tempestade.
O Sol que arde a pele
brilha contra a vontade.
Nenhum eclipse salvará,
ele chega em 139 anos.
Nenhuma nuvem se arrisca,
nem mesmo com alguns cantos.
As preces entediam o pai.
Ele escuta isso todos os dias
Chora e arde, não vai chover.
No concreto não vai anoitecer.
Reza, cangaço; reza, cidade.
O outro dia vem para raiar.
Reza, Antônio; reza, Marina.
Como se a reza fosse adiantar.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Nota estranha
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Egoísmo da madrugada.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Alberto
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Ah, se conversa bastasse.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Filósofo, meditador e criança.
sábado, 10 de setembro de 2011
Serpente
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O garoto da cidade pequena
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Pessoas
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Paradoxo da existência
força maior do que o habitual.
no mundo, espera-se ação e reação.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Ácido
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Inércia mental
domingo, 17 de julho de 2011
Ensaio sobre o casamento
O desencadeamento desse ensaio fora gerado pelo ressente casamento de uma colega. A jovem ainda iniciava-se na vida adulta, na realidade o que a iniciou fora o casamento. Ela morava em uma cidade do interior e participava de uma igreja, ela e seu namorado. Quando passara no vestibular veio para capital em prol de prosseguir com os estudos, veio sozinha e com uma promessa feita; foi aí que eu conheci a garota. Os meses iam passando e nada da minha colega mostrar-se ansiosa com o casamento, na realidade as provas de percepção musical lhe causavam maior nervosismo do que o aproximar da sua data conjugal. Fora uma coisa que a maioria das pessoas não conseguia entender, esse comportamento acarretava dois pensamentos distintos: o primeiro era que a jovem não amava o noivo e pouco importava o dia, o segundo era que ela já estava tão acostumada com a ideia que não lhe causava insônia. A data chegou, casou-se. Tão jovem, tão acostumada, tão sorridente. O sorriso era involuntário, na verdade era uma risada, parecia que ela ria da situação, não estava entendendo muito bem o motivo da festa. No dia seguinte todos só conseguiam pensa nisto e que a menina religiosa teria perdido a virgindade na noite de núpcias. Isso tudo me fez pensar, como o casamento acontece? Como as pessoas escolhem outras para dividir suas coisas, tristezas e toalhas? E o principal, qual o motivo do casamento? Não é mal dos tempos de hoje, todavia não acredito no amor, esse amor que nos é feito engolir quando crianças, mesmo eu adorando historias românticas. Se não é o amor, qual a razão disso? O que as pessoas levam em conta para decidir que aquela é a pessoa com quem ela vai se casar? No caso dos religiosos é mais fácil, os pais escolhem, o filho aceita e espera amar um dia o cônjuge. E as pessoas normais, sem religiosidade? Qual a sensação de estar casando? Eu jurei a mim mesma que nunca iria descobrir isso, não sou muito fã de ver a mesma pessoa com uma intimidade tão grande assim ao ponto de ao vê-la usando o banheiro juntamente comigo. Entretanto, alguns fatores de praticidade fizeram-me repensar isto. Fora o seguinte: estabilidade. De forma alguma a estabilidade era algo essencial para mim, tanto que música é o meu curso, contudo ter uma base financeira oferece mais segurança para viver. Saber que tem alguém ali preparado para quando você for despedido, isso deve fazer um bem que só. O casamento é uma sociedade empresarial com direito a sexo e demonstrações de afeto que não me agradam. Você deve beijar a pessoa mesmo que ela não tenha escovado os dentes, isto é algo intolerável para mim, eu mal posso com a minha intimidade. Posso entender perfeitamente a teoria das cordas e acordes napolitanos, contudo o casamento é um dos maiores mistérios da humanidade que eu anseio desvendar; sem casar.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
São João de minutos
No outro prédio a festa se arrastava;
estava jogada às moscas e quentão.
O contraponto adiava a noite do arraial,
e Tereza ainda passava mal.
Até que terminou, meio que a contra
gosto, o último contraponto com uma quinta.
A música da festa comporovava a erudição
do publico, São João é com chorinho.
A festa girava em torno de uma barraca,
a única montada a tempo.
Ô, era alegria que não acabava,
a dança, a pipoca, o quentão,
até o aluno bonito de gravura animava
Tereza.
Escorrengando no sax é algo divertido;
Ernesto tinha que descobrir isto.
Alegria interrompida, o telefone
de Tereza tocando.
Era hora de ir-se embora.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Mistérios sócio-científicos
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Relações estreitas
terça-feira, 31 de maio de 2011
Cachorros bípedes
observando.
Não só apenas a aula,
Mas todas as peças
que a compunham.
É engraçado observar as pessoas.
Somos os animais mais adestrados
que existem.
Punimo-nos, agradamo-nos
e mentimos por um osso.
Somos cachorrinhos, nem sempre
com pedigree, de nós mesmos.
Na tal aula não corria diferente.
Quando algo era chiste, cada um dos
animais humanos procurava um
outro para cruzar o olhar e rir em conjunto.
Quando algo surpreendia o mesmo acontecia.
Pude notar o quão carente somos, e também
o quão ‘’cachorrinhos’’ acabamos ficando.
Não gosto muito de cachorros.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Síncope
sábado, 14 de maio de 2011
Transparência existencial
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Idéias de papel
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Maestro
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Perder
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Mercenária
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Lembranças de alguém
sábado, 5 de março de 2011
Tudo que você gosta.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Conclusão
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Poema Prostrado.
Conflitos embaçados
O doce
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Manual
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Cotidiano versos brancos
Mas como pode ser
perdendo esses versos?
Como pode ser?,
fugindo e sem os restos.
As palavras não encaixam.
Céus, não encaixam
Cerebro revirado.
Como escrever
sem sentimentos?
Como pode ser?,
sem lamentos.
A poesia incompleta
em rimas tanto fracas.
Poesia incompleta
casual, desengonçada.
Samba-rock
Quando a conheci
usava sapatos vermelhos,
vermelhos como sua boca
e de tão negros cabelos.
Ria com deleite
da vida que gozava.
Você urgia prazer
e eu urgia sua alma.
Contava suas histórias
de viagens e amores,
eu escutava e planejava
te conquistar lhe dando flores.
Você tinha as unhas amarelas
e uma camisa de banda.
Eu não sabia quem eles eram
pois eu só escutava samba.
Eu era bossa nova,
você era rock'n'roll.
Um samba rock sem chorinho
era agora o nosso som.
Desventura de Fridda
Alma de piano - prévia.
Então caia mais um floco de neve que regava o inverno. O chão estava coberto por inteiro e o conservatório de música fechava para o natal. Any, era assim que todos haviam me apelidado, proveniente de Anya. Eu descia correndo a grande escadaria central de madeira tentava alcançar meu professor de harmonia: Chekhov. Era um homem que se vestia de maneira muito pomposa, sempre com um belo par de sapatos e um relógio de bolso, sua aparência séria era resultado de uma alma fechada e erudita: um homem muito elegante e de tez extremamente clara. Bom, digamos que este mesmo senhor não possuía muita simpatia por mim, não devido a minha aparência, mas sim pelo meu perfil muito contestador. Fisicamente eu era até simpática; cabelos ruivos e ondulados, mantidos sempre curtos, algo extremamente ousado tendo em vista que todas as outras mulheres possuíam cabelos que lhe vestiam os ombros; minha cor era clara e avermelhada devido ao frio intenso; olhos cor de mel que brilhavam o tempo todo.
-Mestre! – exclamei ao chegar ao final de um lance de escadas. O senhor Chekhov apenas virou os olhos com um leve movimento, como se não lhe interessasse saber quem lhe chamava.
-Céus, o que foi desta vez senhorita Sierakowski? – disse ainda virado para frente.
-Eis aqui minha composição... Aquela que havia perdido em meu caderno durante a aula.
-O prazo para me entregar era até o termino da mesma, sabes disso, por que abriria uma exceção a esta regra ainda mais para a senhorita?
-Pois o senhor sabe que sou uma aluna extremamente dedicada em aprender canto e eu adoraria ter um histórico acadêmico impecável!- falei ao esboçar um sorriso de sarcasmo em meu rosto.
-Sei muito bem... Por isso mesmo dar-te-ei uma chance de desfrutar de seu anseio não almejado. - exclamou a virar-se totalmente e descer as escadas enquanto ria quietamente.
Não conhecia muitas pessoas ainda no conservatório, mesmo estando lá a cerca de dois anos. A maioria eram rapazes, nada mais natural, só conversava com minha irmã durante o ano letivo, minha mãe não autorizava amizades masculinas. Seu nome era Lubmilla, cursava piano: ela tinha o cabelo castanho que descia aos seios e chegavam-lhe a cintura, pele um pouco mais amorenada que a minha, olhos escuros e amendoados. Seu maior sonho era tornar-se uma bailarina, porém havia idealizado muito tarde. Lubmilla era mais fácil de lidar do que eu, porém era um tanto mimada por ser a filha mais nova. Ela era a mais bela, a mais querida entre a maioria das pessoas, respeitava as vontades de meus pais, no entanto, quando soube que eu havia conseguido convencer nossa família ao autorizar a minha entrada no conservatório de música, fez o mesmo iniciou um ano depois. Lubmilla era um bom partido.
-Lubmilla!-gritei ainda da escadaria para minha irmã que passava perto.
-Any, o que queres?
-Minha irmã, já arrumou suas coisas?
-Ainda não, mas estava indo fazer isso nesse instante.
-Sabes que o conservatório vai fechar ao final do dia, e agora já passa das três horas.
-Sim, mas mudando o foco da conversa, conseguiu entregar sua composição a Chekhov?
-Aquele senhor é um crápula, deu-me uma resposta desaforada e saiu andando.
-Achas que não alcança um bom resultado?
-Não sei, tudo depende do humor de Chekhov. Pois, vamos agora, Dominique estará nos esperando em casa!
Lá estávamos nós, duas irmãs muito diferentes descendo as escadarias grandiosas do conservatório enquanto puxávamos, empurrávamos e carregávamos nossas pequeninas malas. Todos estavam se despedindo entre os corredores, a maioria das tochas que iluminavam o ambiente já estavam sendo apagadas pelos funcionários do local: era a maneira gentil e eficaz de expulsar a todos.
-Ali Lubmilla, chame aquela!- falei ao apontar uma das últimas carruagens que restavam.
-Senhor!- gritou minha irmã ao fazer sinal com a sua mão - Aqui!
-Mas o que duas moças fazem neste conservatório de música recheado de rapazes?- foi a primeira coisa dita pelo chofer.
-Música, senhor! Eu estudo canto e minha irmã piano.
-Nada convencional, minhas damas.
-Por isso que é tão fascinante. – retruquei-lhe ao bater a porta de sua carruagem.