quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Filósofo, meditador e criança.

O céu vermelho da noite não é tão
bonito quanto o avermelhado da manhã.
Já o cheiro...!, ah, o cheiro inebriante;
esta, a pura amostra da arte olfativa.
O odor da manhã se consegue sempre
com a grama, é fácil e não furtiva.
Outra vantagem é a escuridão,
a temperatura também é escura.
Silêncios e ecos existem em ambos,
todavia com caracteres diferentes.
De manhã é o silêncio banalmente
calmo, de alongamento, interrompido
com o despertar da cidade.
O da noite é o mórbido, introspectivo.
O silêncio dos ecos e da criação da
poesia, da música e da dor.
A manhã é uma pessoa tranquila,
noite é um filósofo aparentemente calado.
Já a tarde, é uma criança;
daquelas bagunceiras e cansativas.

sábado, 10 de setembro de 2011

Serpente

Ela era de sangue e traiçoeira.
Não resistia às chances de
sentir-se desejada.
Precisava ser a mais magra,
a mais cobiçada, secretamente.
Os calos alheios não doíam
quando seu ego era inflado;
ela precisava dessa
confirmação de beleza.
Quanto mais magra, mais sem
personalidade e caráter ficava.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O garoto da cidade pequena

Quando eu achava que sabia tudo
o garoto chegava e narrava uma
desventura de interior.
Variava entre sua pequenina cidade
e o interior de suas ideias.
Ele adorava o lago da sua
infância, disso eu sabia.
Ele também adorava tirar fotografias.
O garoto tinha partes de mim, até
aquelas que não reveladas.
Não eram muito frequentes nossas
conversas, mas era como se nunca
deixássemos de falar.
Eu o entendia desentendendo.
Enquanto eu escrevia ele
desenhava os sentimentos.
Eramos dois complicados e
incapacitados, não amávamos.
Mas uma coisa nós sabíamos:
Se um dia fossemos casar,
havia de ser um com o outro.