Minha mãe via dilúvio,
eu dizia garoa.
Era uma tarde que parecia domingo e fresca
com agasalho.
Pois bem, transformá-la-ei
em domingo.
Brindava 15 anos, todavia, dizia que iria
completar 18 em breve,
na intenção de, quem sabe, sentir-me
mais mulher.
E, ah, os 18 anos é uma boa idade sem rugas
na face e uma falsa maturidade.
Mas, voltemos ao início.
O que as pessoas esperam de uma
chuva de domingo?
Geralmente esperam o sono.
Era isso que minha mãe fazia
em todos os domingos da semana:
Domingos de segunda, de terça,
de quarta, ..., e nos raros domingos de sexta.
E com certeza digo; o ócio é o pior veneno.
Para vencê-lo deve-se possuir uma vontade
tremenda ou um motivo que lhe soe mais
prazeroso no momento.
Como eu e a minha mãe quase não possuíamos,
estas tais tardes de domingo eram resumidas
em devaneios.
Minha mãe os fazia de olhos bem cerrados e
eu acordada e dissimulada.
Perdurava.
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