terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Domingo

Minha mãe via dilúvio,

eu dizia garoa.

Era uma tarde que parecia domingo e fresca

com agasalho.

Pois bem, transformá-la-ei

em domingo.

Brindava 15 anos, todavia, dizia que iria

completar 18 em breve,

na intenção de, quem sabe, sentir-me

mais mulher.

E, ah, os 18 anos é uma boa idade sem rugas

na face e uma falsa maturidade.

Mas, voltemos ao início.

O que as pessoas esperam de uma

chuva de domingo?

Geralmente esperam o sono.

Era isso que minha mãe fazia

em todos os domingos da semana:

Domingos de segunda, de terça,

de quarta, ..., e nos raros domingos de sexta.

E com certeza digo; o ócio é o pior veneno.

Para vencê-lo deve-se possuir uma vontade

tremenda ou um motivo que lhe soe mais

prazeroso no momento.

Como eu e a minha mãe quase não possuíamos,

estas tais tardes de domingo eram resumidas

em devaneios.

Minha mãe os fazia de olhos bem cerrados e

eu acordada e dissimulada.

Perdurava.

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